O Piauí tem se destacado nacionalmente no enfrentamento às hepatites virais, com importantes avanços em prevenção, diagnóstico precoce e acesso ao tratamento gratuito pelo SUS. Segundo o novo Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, divulgado pelo Ministério da Saúde, o estado reduziu em 55,6% os óbitos por hepatite B (de nove para quatro casos) e em 25% os óbitos por hepatite C (de doze para nove) entre os anos de 2014 e 2024.
No mesmo período, o estado registrou 5.358 casos de hepatites virais — o menor número absoluto de notificações entre todas as unidades federativas do Brasil. Os dados foram consolidados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e embasam a formulação de políticas públicas eficazes no território piauiense.
Esses avanços refletem o fortalecimento das estratégias de saúde pública, como campanhas de conscientização, ampliação da testagem nas unidades básicas de saúde e maior cobertura vacinal contra a hepatite B.

Julho Amarelo reforça importância do diagnóstico precoce
No contexto do Julho Amarelo — campanha nacional de combate às hepatites virais —, a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi) intensificou as ações nos municípios. A coordenadora técnica estadual das Hepatites Virais, Thâmisa Brito Amaral, destacou a importância da atuação nas unidades básicas de saúde.
“A campanha reforça que um simples teste pode mudar tudo. As unidades devem ampliar a testagem para hepatites B e C, orientar a população e garantir o encaminhamento ao tratamento. Os casos negativos seguem para a vacinação, disponível gratuitamente”, afirmou a coordenadora.
A cor amarela foi escolhida para simbolizar a icterícia, um dos sintomas mais característicos da doença, que causa o amarelamento da pele e dos olhos. O dia 28 de julho marca o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de alertar globalmente sobre a gravidade dessas infecções.
Hospital Getúlio Vargas lidera ações de testagem e orientação no Piauí
Como parte da campanha, o Hospital Getúlio Vargas (HGV), em Teresina, realizou uma série de atividades durante cinco dias, voltadas para testagens rápidas, vacinação contra hepatite B e rodas de conversa com especialistas. A iniciativa buscou alcançar a população com menor acesso aos serviços de saúde e orientar sobre os riscos das hepatites silenciosas.
A hepatologista e gastroenterologista Joselda Duarte, uma das organizadoras da programação, explicou a gravidade das hepatites B e C:
“São infecções que, na maioria das vezes, não apresentam sintomas. Muitas pessoas só descobrem a doença em estágios avançados, como na cirrose hepática. A hepatite C tem tratamento com taxa de cura acima de 90% e é oferecido gratuitamente pelo SUS. Já a hepatite B, embora ainda sem cura, pode ser evitada com vacina também disponível na rede pública”, destacou a médica.
O que são hepatites virais?
As hepatites virais são infecções que causam inflamação no fígado e podem variar de quadros leves até complicações graves. Os sintomas, quando presentes, incluem cansaço, febre, enjoo, olhos e pele amarelados, urina escura e fezes claras.
No Brasil, os tipos mais comuns são as hepatites A, B e C. A hepatite A é transmitida principalmente por alimentos ou água contaminada. A hepatite B se transmite pelo sangue, contato sexual ou de mãe para filho. Já a hepatite C, que frequentemente se torna crônica, é contraída por contato com sangue infectado.
As hepatites D e E são menos frequentes no Brasil, mas também requerem atenção, especialmente em regiões com menor infraestrutura sanitária.
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